2 de abril de 2010

Thomaz, um menino de bem

As sandálias do menino eram rústicas e pobres. Ele não tinha muito que comer, nem a vestir, era um pequeno andarilho que vendia gravetos para queimarem como lenha. O garoto não era bem visto no vilarejo, pois vivia sem mãe e sem pai. Foi abandonado ainda quando pequeno e viveu graças ao pouco que lhe davam na porta das casas e das mercearias da cidade. O pequeno Thomaz, como era chamado, não tinha oportunidade e estudo. Por vezes conseguia o que vestir e algum trabalho extra que lhe rendia o que faltava, sempre nas horas oportunas. Uma senhora de idade lhe ajudava com maçãs frescas, sempre que ele a ajudava com as sacolas e as garrafas de leite. Mas a maioria dos moradores daquele lugar nada fazia por ele, somente o caluniavam e desejavam que ele morresse, já que nada de especial fazia e a ninguém comovia.
Certo dia, o menino foi até a fonte da praça e olhou-se refletido na água. Percebeu que era bela a sua imagem e que ele poderia tentar algo para ter uma vida melhor. Ele saiu correndo pelas ruas e gritava que desejava ser alguém de valor, mesmo que a vida nada o tivesse dado. Foi então que o pequeno Thomaz iniciou a sua transformação interior. Foi até um asilo de velhos e colocou-se para ajudar no trabalho voluntário.
Gostava de conversar com as senhoras, ouvir suas histórias e acariciar suas mãos. Aos senhores, ali asilados, ele gostava de engraxar os sapatos e ajudá-los a caminhar por entre os jardins daquele lugar. Depois da temporada naquele asilo, o menino resolveu mudar de rumo e foi até um abrigo de crianças que foram, assim como ele, abandonadas pelos pais. Os bebês, os meninos e as meninas eram muitos e gostavam de Thomaz, pois ele, com suas brincadeiras e cantigas, alegrava a todos os que ali estavam.
Os responsáveis por aquela casa não entendiam como alguém que nada tinha poderia se dedicar tanto ao próximo daquela maneira e resolveram ajudar Thomaz com um emprego seguro. O jovenzinho, já com 16 anos, animou-se com a oportunidade e passou a se dedicar ainda mais às crianças pobrezinhas que ali viviam. Aos poucos Thomaz foi para a cozinha e aprendeu os segredos da culinária, com pratos para todos os famintos que ali buscavam. O jovem envolveu-se demasiadamente com a profissão e aos poucos se tornou um especialista na cozinha, com as experiências que fazia.
Thomaz cozinhava com muito amor e todos que se alimentavam pelas mãos dele começaram a se tornar mais felizes. As filas começaram a aumentar e logo a notícia correu o vilarejo. Todos queriam experimentar a comida daquele menino, que, conforme era dito, tornava as pessoas mais felizes consigo mesmas. O abrigo para crianças foi ficando pequeno para tantas pessoas, que se amontoavam na frente da cozinha.
O casal de donos resolveu organizar a atração e cobravam dos visitantes uma quantia simbólica que seria revertida para o abrigo das crianças. O lugar foi ficando cada vez mais freqüentado e pessoas de outras cidades buscavam o jovem da comida que fazia feliz. Era incrível a reação que causava nas pessoas ao experimentarem as iguarias no jovem Thomaz.
Bastava uma pequena porção para que a pessoa ficasse alegre e mudasse totalmente a própria vida, em busca de mais fé e amor para o cotidiano. O menino começou a cansar-se de tanto cozinhar, pois passava muitas horas em frente ao fogão à lenha para alimentar tantas pessoas. Foi então que resolveu ensinar outras pessoas a também fazerem o mesmo pelo próximo.
Uma menina, chamada Lara, colocou-se à disposição para ter com ele aulas da culinária da felicidade. Ela aprendeu que bastava preparar o alimento com amor, enviando carinho, fraternidade e concórdia que o prato se tornava um medicamento milagroso para quem o consumisse. Lara passou então a auxiliar Thomaz e aos poucos ele deixou sua tarefa para, então, praticar outra atividade fora daquele lugar.
Já homem feito, Thomaz quis viajar para outras terras e buscou outra forma de auxiliar o próximo. Thomaz procurou um velho eremita que ficava no alto da montanha e queria perguntar a ele o que poderia fazer para ajudar as pessoas de outra forma, já que tinha passado a sua missão a menina Lara. Foi então que o eremita disse a ele que deveria construir sua família e dedicar-se a ela com amor e respeito.
Thomaz não sabia por onde começar, pois precisaria de uma noiva para formar sua família. Ao descer a montanha encontrou uma jovem chamada Eveline, com lindos cabelos e perfume de flores. Thomaz apaixonou-se no primeiro instante e a pediu para levá-lo até os seus pais para pedi-la em casamento. Foi então que Eveline disse que não tinha pais, que era sozinha na vida e estava procurando o eremita para saber que rumo tomaria na sua vida. Thomaz disse a ela que poderiam se casar e cumprir a missão familiar juntos. Mesmo assim, Eveline quis conversar com o velho da montanha e saber se seria essa a sua missão.
Chegando até lá, o eremita disse que os dois poderiam cumprir essa tarefa, tendo dois filhos e os encaminhando para o bem desde a tenra idade. Naquele momento, uma luz desceu do céu e os abençoou. Estavam os dois comprometidos com os próprios destinos, de dedicarem-se ao próximo no novo lar que formariam. O jovem casal desceu a montanha e juntos começaram a procurar um lugar para morar.
Eveline conhecia muitas pessoas, pois era vendedora de frutas e muito querida por todos da região. Um velho conhecido cedeu uma pequena casa de madeira para que os dois pudessem morar e iniciar a missão conjunta que a vida lhes reservara. Thomaz não acreditava o novo rumo que sua vida tomara e percebeu que deveria aceitar a decisão vinda do Alto no momento propício e inesperado.
A linda Eveline estava feliz, por ter buscado o eremita e ter encontrado a nova trajetória para a sua vida. O tempo passou e o casal teve dois filhos: Ariel e Muriel, dois meninos que iriam aprender o amor familiar desde muito cedo. Os dois cresceram e percebeu-se que eram muito unidos, gostava de trabalhar juntos e ajudavam-se mutuamente. Havia ali um verdadeiro lar, em que o amor entre todos reinava acima de tudo. Mesmo sendo humildes, sem conforto e riqueza, a família era muito abençoada em tudo o que fazia, desde a plantação até o pão que Eveline fazia para vender.
Thomaz era empregado em um restaurante da cidade e cozinhava para pessoas ricas, que nada faziam pelo próximo. Thomaz aprendeu que não bastava ter posses para ajudar o próximo, mas principalmente a vontade e o desejo de servir o semelhante. Seus filhos eram bons meninos e o casal era feliz com o que Deus os tinha ofertado.
O tempo passou e Eveline ficou doente. Não se sabia o mal que a acometera, somente que era forte a febre que sentia todas as noites. Eveline deixou o corpo com apenas 37 anos, deixando os filhos adolescentes e o marido a sofrer. Mesmo assim, os três sabiam que era a vontade do Pai e agradeceram por com ela estarem tantos anos e por terem vivido o melhor durante aquele tempo.
Thomaz tornou-se mais triste por não ter mais sua querida Eveline. Ariel e Muriel o consolavam, mas mesmo assim ele não tinha mais razão para viver. Foi então que resolveu procurar novamente o velho eremita da montanha para ter com ele nova conversa. Lá chegando, perguntou a ele porque sua doce Eveline havia o deixado, ainda tão nova. O velho disse a ele que esta era a Lei da vida e que não cabia a ele questionar esse destino.
Thomaz perguntou o que deveria fazer para ter novo sentido a sua existência. O velho disse que seus filhos eram o seu sentido e que dali para frente deveria se dedicar a eles com o mesmo amor que nutrira durante aqueles anos. Thomaz foi embora, ainda insatisfeito, quando encontrou uma coruja que o disse: “Thomaz, quer ir embora comigo pelo ar e encontrar sua doce Eveline?”. Thomaz sentiu medo, mas não conseguia desviar o olhar da coruja que lhe oferecera tão tentadora oportunidade.
Foi então que Thomaz aceitou e segurando em seus pés, a coruja lançou vôo, sobrevoando toda a vila e depois subindo aos céus com tamanha velocidade. Thomaz não sabia que aquilo seria possível e quando notou estava em outro mundo, muito diferente daquele que estava habituado. Quando chegou, encontrou-se com Eveline deitada por entre as flores de um jardim de margaridas. A linda flor se surpreendeu com a presença do marido e disse a ele que o amava, mas que ele deveria cuidar dos filhos que ficaram na Terra. Os dois ainda eram jovens e precisavam do pai para conduzi-los no caminho do bem.
Thomaz a beijou suavemente a face e disse a ela que em breve voltaria para estar com ela e despediu-se sem olhar para trás. Thomaz acordou de um sonho profundo em sua cama e quando percebeu, tinha uma margarida em suas mãos. “Era verdade!”, disse Thomaz – eu havia de fato me encontrado com Eveline.
Foi então que se lembrou da missão que deveria cumprir, encaminhando os filhos na conduta do bem. Durante o humilde jantar, o pai contou aos filhos o ocorrido e, muito emocionados, os dois disseram que também sentiam saudades da querida mãezinha, mas que quando alguém deixa o corpo, de fato não morre, apenas muda de casa e de roupa. Thomaz ficou feliz em perceber a lucidez dos filhos e não mais reclamou da ausência da querida esposa. Os jovens cresceram e tornaram-se homens fortes e trabalhadores.
Thomaz estava feliz por ter cumprido a missão familiar com resignação e amor e, quando tinha 67 anos, deixou a Terra para reencontrar sua amada do outro lado da vida. Eveline o resgatou logo após o desencarne e os filhos sabiam que ele estaria bem com a querida mãezinha, já que ele havia feito deles, homens de bem. Os irmãos continuaram o trabalho, lembrando sempre do carinho e do amor que aprenderam durante a vida. Eveline e Thomaz passaram a olhar pelos filhos, sempre os intuindo e os ajudando nos momentos de dificuldade da vida na Terra.
Todas as noites, sempre que era permitido, os filhos encontravam com seus pais durante o sono, para conversar, aprender e estudarem juntos o que Jesus os ensinava.

Antonio, 08/06/2008
(mensagem psicografada pela médium Júlia Jenská)

Um comentário:

Grata por sua opinião e que Jesus abençoe a ti e a sua família.