2 de abril de 2010

Mirabel

Essa história se passar na Europa, mais especificamente na França, no tempo em que os Reis eram magos e que as freiras eram sacerdotisas. Maribel era uma linda camponesa que vivia a regar as flores, semear ervas e cultivar plantas de todos os tipos.
Certo dia, ao amanhecer, a doce menina saiu ao campo até o pequeno riacho, quando encontrou uma cobra que a olhou e disse – “Mirabel, Mirabel, jogue para mim um pedaço de pão para que eu possa ganhar asas e voar”. A menina sentiu calafrios e saiu correndo para casa. Ao chegar, contou a história ao pai, que caçoou dela dizendo que estava louca por relatar tal cena.
Inconformada, Mirabel, no outro dia, voltou ao riacho para ver se a tal cobra que queria ter asas ainda estava lá. Tal foi a surpresa ao constatar que ela flutuava sobre as águas, com asas e a cauda a balançar. A cobra voadora disse a menina: “Mirabel, porque duvidastes da verdade do pedido que lhe fiz?”.
A menina disse que aquele fato lhe era novo e, por isso, havia duvidado no primeiro instante. A cobra, inconformada com a falta de Fé de Mirabel, disse-lhe que ela poderia se transformar em outro animal caso ela assim desejasse. Mirabel não concordou com aquilo e, novamente, saiu correndo pelo campo até chegar em casa.
Foi ao quarto e colocou-se a chorar, sem saber o que fazer frente àquela situação. Rosa, a empregada da casa, percebeu o comportamento estranho da menina e bateu a porta do quarto ouvindo os soluços de Mirabel. A menina, então, enxugou as lágrimas e disse a Rosa que estava confusa com os fatos que haviam acontecido.
Compenetrada, a empregada disse que essas coisas poderiam acontecer e contou-lhe sobre uma ovelha falante que, certa vez, lhe pediu leite para ficar mais forte. Aos risos, Mirabel abraçou Rosa e a convidou para com ela visitar a tal cobra de asas. No dia seguinte, as duas foram até o Riacho e encontraram a cobra transformada em outro animal, desta vez uma coruja fumando cachimbo.
Rosa não se assustou e pôs-se a conversar com a criatura inusitada. A menina ficou assustada com o que presenciava, mas como confiava em Rosa, tentou acalmar-se. A coruja contou que é comum que as pessoas não acreditem em certas coisas que vêem ou escutam, mas que quando isso acontece, é necessário ter o discernimento e refletir sobre os fatos.
A coruja, muito sábia e ponderada, disse a Rosa e a Mirabel, que elas poderiam confiar nela e sempre que precisassem de algum conselho, a poderiam procurar. Mirabel acalmou-se e com os braços dados a Rosa, voltaram para casa. Durante o jantar, Mirabel contou ao seu pai o ocorrido e, novamente, o senhor colocou-se a rir da menina, que já estava sendo considerada estranha dentro da própria casa. Maria Inês, sua mãe, disse que ela deveria parar de dar ouvidos as histórias mentirosas da empregada, pois isso seria apenas para a deixar impressionada.
Não satisfeita, Mirabel disse que na manhã seguinte, levaria os pais no riacho para conhecer a coruja falante. O pai rindo, disse “Minha querida, podemos fazer um passeio matinal, mas não queira que eu acredite nesta história”. Mesmo assim, Mirabel insistiu e o pai aceitou. Na manhã seguinte, os três desceram a campina para avistar a cobra, a coruja e tudo mais que a menina havia contado.
Lá chegando, tal foi a surpresa ao avistarem uma vaca mascando verduras e dizendo que não deveriam duvidar do que viam, pois havia muito mais coisas no mundo, além do que eles poderiam, sequer, imaginar. O pai, desesperado, saiu gritando pela campina sem saber para onde ir. A menina colocou-se a chorar e não sabia se olhava para a vaca ou se acudia o pai. A mãe, sem entender, dizia que de fato era estranho uma vaca falante, mas que ela acreditava no que via. Rosa apareceu e perguntou o que havia acontecido com o senhor Sebastião, já que estava trancado no quarto procurando a arma de fogo que tinha guardada.
A menina, preocupada, voltou a casa e disse ao pai que não havia motivo de dar cabo do animal, pois o mesmo não prejudicava em nada a qualquer um deles. Mesmo assim, o pai desceu ao riacho e lá chegando, notou que a vaca havia se transformado em um elefante cinza, jogando água para todos os lados. Ninguém sabia o que estava havendo na pequena fazenda, pois a cada momento o animal se transformava em algo mais exótico e inesperado.
O pai foi até a Igreja da cidade e pediu para o padre fazer uma sessão de exorcismo naquele lugar. Em poucas horas todo o vilarejo sabia que na fazenda do senhor Sebastião estava ocorrendo um fenômeno anormal. As pessoas começaram a chegar à fazenda para ver o animal e, lá chegando, o mesmo havia desaparecido por completo. A doce Mirabel foi confundida com uma bruxa e levada para a igreja para entrevista com os cardeais da região.
Mirabel foi colocada de cabeça para baixo até confessar que ela mesma havia criado uma história para chamar a atenção. Por sorte a menina não foi conduzida para penalidades maiores e a mãe não foi levada com ela. A empregada, que tudo sabia, calou-se daquele dia em diante, temendo sofrer semelhante castigo.
Mirabel continuou com sua vida simples e toda vez que ia ao riacho, procurando a tal cobra de asas, a vaca, o elefante e a coruja da sabedoria, mesmo sem nada mais for visto, pediu para nada mais ver para que não fosse vítima de seus próprios olhos. Depois disso, Mirabel se casou, teve filhos e passou a vida sem nada de grandioso e significativo. Ao desencarnar, Mirabel foi levada para conversar sobre o uso que fizera do dom que recebera.
Sem entender, Mirabel foi informada que antes de encarnar foi designada para levar as pessoas da região, a fé, a mediunidade gratuita e os novos conhecimentos espirituais que lhe chegavam. A mensagem tem a intenção de orientar que nem tudo que vemos é de fato verdade, mas muito do que não vemos é providencial que assim seja. O discernimento e a lucidez são as balizas do que nossos olhos espirituais estão a enxergar e nossos ouvidos estão a perceber.
O que nos é real é sim sentido e vivido e o coração é nosso guia mais seguro para as verdades espirituais que nos cercam.

Antonio, 18/06/2008
(mensagem psicografada pela médium Júlia Jenská)

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